O negócio é criar búfalos

Passeio no litoral nem sempre é
sinônimo de sol, sal, mar e areia.
Passeio, de carro no litoral pode ser
fuga, uma irresistível vontade de mudar.
A mata ao redor,
a via de paralelepípedos e
a curva adiante
escondem o motivo da espera,
ânsia e impaciência se fundem,
mas, apenas intensificam o desejo...
Mudar, mudar, mudar...
Num repente obrigo-me a parar,
não há lugar para máquina e animais,
não há como ocupar o espaço com
corpos diversos no mesmo momento...
Grande oportunidade, como de costume,
de registrar o flagrante,
faz parte do lugar, ocupação econômica local...
Um click sem flash para capturar
o instante que o tempo não fez passar.
Búfalos, uma manada de búfalos!
Atrás, um brejeiro capataz
seguido de parceiros de igual perfil,
conduzem o rebanho
em busca de pasto e novos brejos...
Na sua face um sorriso,
na sua frente um filhote
na sua voz o pedido:
“tira foto desse, nasceu ontem!!!”
De novo um sorriso
indefinível,
indecifrável,
indefectível!!!
Me perguntei: Como pode?
Calça arregaçada até o joelho,
pés e dedos rachados,
barro até os joelhos,
roupas rotas e encardidas, mas,
na sua face o sorriso, indefinível, indecifrável,
indefectível,

exibindo os dentes
pretos e careados.
Como pode?
Apesar de tudo, feliz!!!

Concluí:
O negócio é criar búfalos...

O negócio é ser feliz!

Curitiba, 27/11/1998 – 20:10h
Na Acrótona Sopas e Pizzas, me lembrando das férias de 1994, entre o Natal e o Ano Novo, em Antonina-PR, um ano em que pela única vez na vida contei os dias para sair de férias, um ano em que eu queria mudar de cidade, de emprego, de profissão, de vida... descobri que para mudar tudo isto eu poderia começar mudando a mim mesmo.
Se um dia me ouvir dizer que o negócio é criar búfalos, entenda-se:
Eu quero é ser feliz!